O funk é uma das expressões culturais mais potentes da contemporaneidade brasileira. Surgido nas periferias urbanas, especialmente a partir dos anos 1980, ele se consolidou como uma linguagem própria das juventudes negras e periféricas, que transformaram a escassez em criatividade e a exclusão em produção cultural. O funk não apenas movimenta a cena musical do país, ele articula discursos, corpos e territórios em uma dinâmica de resistência e invenção.

Em suas letras, o funk denuncia desigualdades sociais, racismo, violência policial e machismo, ao mesmo tempo em que afirma desejos, afetos, conquistas e modos de vida muitas vezes invisibilizados pelos meios de comunicação e pelas instituições tradicionais. Os chamados “funks conscientes”, por exemplo, evidenciam o poder do gênero como ferramenta educativa e crítica, aproximando debates sociais de um público historicamente excluído das esferas formais de saber.

Os bailes funk, por sua vez, cumprem um papel central como espaços de convívio, celebração e fortalecimento comunitário. Neles, a arte se encontra com a política, o lazer com a mobilização, e a estética com a resistência. São também polos de geração de renda, circulação econômica local e desenvolvimento de saberes técnicos e artísticos, como produção musical, audiovisual e de moda.

Foi por isso que a Frente Parlamentar do Funk apresentou este projeto de lei propondo que O FUNK SEJA RECONHECIDO COMO CULTURA NESTE PAÍS! Foram protocolados pela deputada Ediane Maria em São Paulo e pelo deputado Henrique Vieira na Câmara dos Deputados!

Reconhecer o funk como cultura é reconhecer a legitimidade das vozes que o constroem. É afirmar que a cultura brasileira é múltipla, plural e que os territórios periféricos produzem arte, tecnologia, conhecimento e história.

A valorização do funk no campo legal não é apenas um gesto simbólico, mas um passo necessário para ampliar direitos culturais e combater o preconceito que ainda criminaliza e marginaliza essa manifestação popular.

O funk é cultura porque expressa, transforma e move o Brasil.